sexta-feira, 26 de junho de 2009

postpone

não posso adiar o amor para outro século
não posso...
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes: amor e ódio

não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

não posso adiar o coração


António Ramos Rosa

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