A frieza de uma vida citadina dominada por um modelo implacável de organização e exigência pessoal não se compadece perante a fraqueza dos sensíveis. A rápida e incessante sucessão de locais e pessoas impermeabiliza os sentidos, esbatendo o som e a cor das imagens dos nossos dias. Para nos protegermos do gelo e de um vazio assustador que nos persegue, vestimos a nossa mais dura pele, cosida de certezas e tingida de convicções – barreira de más e boas emoções. Assim, com tão justa armadura, a empatia é mantida ao largo e a tolerância não ousa aproximar-se. Tocamo-nos nos autocarros, no metro, na fila do supermercado, mas somos prostitutos da eficiência e da tão económica celeridade: a impaciência vence, por fim, a intimidade. Talvez por tudo isto, em cada um de nós vá ganhando força um apelo contido ao toque. Num retorno à simplicidade dos sentidos, podemos concentrar a intensidade de mil emoções num olhar quente e terno ou no natural magnetismo de um aperto de mão. Para não esquecermos a importância do toque, seja pele com pele, olhar com olhar, ou com uma palavra amiga…
1 comentário:
A frieza de uma vida citadina dominada por um modelo implacável de organização e exigência pessoal não se compadece perante a fraqueza dos sensíveis.
A rápida e incessante sucessão de locais e pessoas impermeabiliza os sentidos, esbatendo o som e a cor das imagens dos nossos dias.
Para nos protegermos do gelo e de um vazio assustador que nos persegue, vestimos a nossa mais dura pele, cosida de certezas e tingida de convicções – barreira de más e boas emoções.
Assim, com tão justa armadura, a empatia é mantida ao largo e a tolerância não ousa aproximar-se.
Tocamo-nos nos autocarros, no metro, na fila do supermercado, mas somos prostitutos da eficiência e da tão económica celeridade: a impaciência vence, por fim, a intimidade.
Talvez por tudo isto, em cada um de nós vá ganhando força um apelo contido ao toque. Num retorno à simplicidade dos sentidos, podemos concentrar a intensidade de mil emoções num olhar quente e terno ou no natural magnetismo de um aperto de mão.
Para não esquecermos a importância do toque, seja pele com pele, olhar com olhar, ou com uma palavra amiga…
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