os olhos azul muito claros, mostravam uma ternura e um olhar curioso para um mundo onde nem sempre compreendia muitas das coisas “dos tempos modernos”, mas onde acreditava plenamente que se os valores fossem fortes, que as pessoas acabariam por fazer sempre o correcto.
simpático por natureza, metia conversa com qualquer pessoa que lhe devolvesse o sorriso, e tinha sempre o cuidado de “não ser indelicado”. no entanto, tinha um espírito reservado e era naturalmente introspectivo.
todos os que trabalharam com ele, falam do talento, da justiça e da rectidão do sr. engenheiro.
a sua desenvoltura e a capacidade de aprendizagem enormes, contribuíam para a mestria em tudo o que eram trabalhos manuais: fazer mesas, quadros, ou tapetes de arraiolos com 15 metros de comprimento que doava à igreja, eram actividades que o “ajudavam a pensar”. não gostava de viajar de avião, e por isso conheceu toda a europa de carro, com pé pesado, porque “os carros bons são para isso”.
os conselhos, histórias, e enorme sabedoria eram partilhadas numa partida de crapot, ou numa lenta tarde de domingo à frente de uma lareira com um copo grande de coca-cola na mão [que não bebia mas que tinha sempre para os netos que "gostavam dessas coisas"].
era rígido na educação dos filhos, que contrastava com episódios de carinho e piadas que contava, sempre exigindo que cada um tivesse o seu papel na família e sociedade, sempre dando o seu melhor.
apoiou a sua mulher em todos os seus projectos, e ambos deixaram uma obra de caridade e de valores que marcaram profundamente uma pequena aldeia ao lado do mar.
sempre amigo, bom com todos os que o seguiam, deixou mais de três gerações com o mais profundo carinho, respeito e admiração. quando eu mais precisei, ele esteve lá para mim.
ontem, no culminar de uma doença ingrata, degenerativa e humilhante, fechou os olhos pela última vez.
vou sentir a sua falta...
domingo, 26 de julho de 2009
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