quinta-feira, 20 de novembro de 2008

"Para que ela tivesse um pescoço tão fino,
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule,
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos,
Para que a sua espinha fosse tão direita,
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos,
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes,
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos.
Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino."

in Retrato de uma princesa desconhecida,
Sophia de Mello Breyner Andresen

1 comentário:

Lilly the Bloom disse...

Sophia a Eterna...

Bem escolhido.